Santa Catarina é um dos maiores estados produtores de grãos e proteína animal in natura do país. Além de ser um celeiro de milho, soja e trigo, é também um dos principais exportadores de carnes (frango e suíno), sem contar a produção leiteira, que ocupa posição importante na economia. Tudo isso é possível graças ao trabalho no campo, que exige uso constante de máquinas e equipamentos na rotina dos agricultores.
Contudo, as atividades agrícolas, em especial a utilização de maquinário, estão entre as três atividades mais perigosas para os trabalhadores, sendo que para cada três acidentes ocorridos no campo, um ocasiona a incapacidade permanente do trabalhador.
Prova disso, são as notificações nas emergências hospitalares, que crescem de forma desafiadora ano após ano. Para o ortopedista especialista em pé e tornozelo do Ambulatório de Especialidades do Hospital São Francisco de Concórdia, Bruno Eltz, maquinários agrícolas e veículos automotores tais como: tratores, “jiricos”, motocicletas, roçadeiras e afins, são os principais protagonistas destes tipos de acidentes que podem trazer inúmeros prejuízos, entre eles incapacidade permanente e até mesmo o óbito.
Segundo o especialista, um dos fatores de risco é a utilização destes equipamentos com crianças próximas, sendo que na maioria das vezes quem está no comando não está preparado para o manejo correto do veículo ou não tem a qualificação-técnica profissional necessária. “O risco também é advindo de máquinas agrícolas do tipo serra circular, elas mutilam as mãos e dedos gerando invalidez e deformidades crônicas nos membros. Crianças que são levadas em caçambas e carrocerias também são vítimas desta falta de responsabilidade dos proprietários”, acrescenta.
Para evitar esses acidentes, a prevenção é fundamental. O primeiro o é a mudança de hábitos durante a rotina de trabalho, que começa pela conscientização dos condutores. “A orientação é que os produtores arrisquem menos e façam o uso dos equipamentos com muita segurança, tomando todas as medidas preventivas possíveis, evitando acidentes e até a morte dos trabalhadores”, destaca Dr. Bruno Eltz.
Outras ações também consistem em utilizar máquinas e implementos com características ergonômicas mais adaptadas aos trabalhadores, cursos de formação, uso de EPI’s certificados, associados à manutenção preventiva dos equipamentos, boas práticas de manutenção do maquinário, prezando pela boa lubrificação e substituição dos componentes desgastados, além de investir em um seguro para minimizar prejuízos financeiros quando houver acidentes ou colisões.
Líder em ocorrências no mundo
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os acidentes deste tipo no meio rural causam cerca de 3 mil mortes ao ano no Brasil, que é o líder de ocorrências no mundo. No entanto, quase 80% dos acidentes poderiam ser evitados por mudanças de conduta dos motoristas e atenção redobrada.
Em oito anos, foram registrados no Brasil 5,6 milhões de doenças e acidentes de trabalho, que geraram um gasto previdenciário que ultraa R$ 100 bilhões.
Fonte:
O Jornal